terça-feira, 16 de novembro de 2010

A SIMPLICIDADE DA COMPLEXIDADE DE SHAKESPEARE...

Ahh, gênio que me seduzistes a tão pouco tempo... Como podes não ser o mais intenso romântico, cômico ou dramático, mas ser ao menos tempo, o mais complexo conjunto? E como tão complexo conjunto é exposto de forma tão sublime e simples em seus diálogos? Eu realmente não entendo, não comprendo, mas amo...


“RICARDO (Duque de Gloucester) – Estes olhos meus não sofreriam os destroços dessa formosura, não vos desfiguraríeis, se eu estivesse ao pé de vós. Tal como o mundo todo se alegra com o sol, assim me alegro eu com vossa formosura, ela é o meu dia, ela é a minha vida.
ANA – Que a noite negra escureça seu dia, e a morte tua vida.
RICARDO – Não te amaldiçoes, formosa criatura, tu és ambas as coisas.
ANA – Prouvera que fosse, para me vingar de ti.
RICARDO – É uma disputa horrenda, vingares-te em quem te ama.
ANA – É uma disputa justa e conforme à razão vingar-me de quem matou meu marido.
RICARDO – Quem te privou, senhora, de teu marido, fê-lo para te ajudar a encontrar marido melhor.”

(Trecho de: SHAKESPEARE, William. Richard III. Ato I, Cena II. Pág. 24. Trad: Carlos A. Nunes, Ed. Ridendo Castigat.)

Nesse pequeno trecho a gente percebe a complexidade do autor: Como ele parte de um drama (que foi a morte do filho e do esposo de ANA pelo próprio RICARDO!), passando pelo cômico (a raiva de ANA e a "cara-de-pau" de RICARDO tentando "amansá-la"), e o romântico (RICARDO revela o seu amor intenso que culminou nos assassinatos). Um autor, cujo nome não irei lembrar, referiu-se a Shakespeare como alguém que não era o melhor de um gênero determinado, mas sim o mais intenso em diversos estilos.

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