sábado, 13 de novembro de 2021

Da inconveniência enterna

Tarda o amor a desgastar o tempo

Prossegue em meio a qualquer tormento

Inebria o céu da boca e o pensamento

Caduca por nunca encontrar firmamento


Amor que não morre, mas deprecia

Antes fosse vivido com ousadia

Mas preso ao realismo das consequências

Anseia, nos sonhos, encontrar moradia


Tropeço, queda, nada mais o impede

Como lança rasgando alma e pele

A cicatriz já feita não mais se repele


Acostuma-se a recordar o sentimento

Ao olhar os estragos deixados no coração

Também sorri por um vão contentamento

quinta-feira, 15 de abril de 2021

De noite no Sertão



 Em terra seca que só a mulinga

Que parece que num chove desde os tempo de Noé

Brado o trovejo e o relampejo

Faz iluminar os zoio do seu Zé


Os minino pensa que é São Pedro

brincando nos lajeiro lá do céu

Com seixo tacado de baleadera

nas serra, lajeiro de pai Miguel


Que pai Miguel, minino!

grita seu Zé que se intrometeu

o lajedo que tá saindo essas faisca

e do finado pai Mateus


Os minino agora mai sabido

Encantando ainda com o relampejar

Um mais atirado diz logo "painho"

Vou arrumar uma nega pra eu beijá


E num é ideia pouco certa

É ideia de caba muito sabido

Um céu bonito que nem o do Sertão

E paisagem que apaixona, seu minino